uma carta rasgada


Por vezes encontrava-me perdida, como quando sentes um aperto no coração e estás num momento em que não sabes o que fazer, em que estás sozinha e tens que tomar uma única decisão, tentando sempre não magoar ninguém, pois sabes que se o fizeres, vais perder essa pessoa para sempre. Mas também sabes que se tomares um caminho, nesse mesmo vão haver mais obstáculos e algumas pedras (pessoas) vão sendo deixadas para trás, pessoas essas que foram como um pilar na tua vida. Sorte? Sorte é poderes ter na tua vida ambas as pessoas que gostas, sem que nenhuma se sinta inferior. Impossível é escolher entre a amizade e o amor, o amor e a ilusão, o amor e a mentira. O amor está sempre presente, pois ele consome-nos e faz sempre impôr-se como a opção mais importante. Nem sempre é assim, pois há amizades que sobrepõem todos os valores e conceitos que o amor não respeita. Impossível é tomar a decisão sem contrapartidas. Aqui estou eu, prestes a desmoronar-me, prestes a errar, prestes a cair no erro pela segunda vez. Só assim vou aprender, só assim vou conseguir enfrentar este medo que me pressegue, só assim vou conseguir libertar-me de tantas incertezas que me acompanham desde que acordo até à hora que me deito. Em sonhos, estão ambas as escolhas a dar-me mil e uma razões para eu optar por elas. São ambos tão particulares, ambos tão próprios, que neste momento diria que sou eu a única sem personalidade, iludida por um amor que me fez tão mal, mas que agora é o que me faz bem. Não estou arrependida da minha escolha. Para a minha outra opção quero que saiba que foi aquilo que eu sempre quis mas nunca soube que tive, quero que saiba que desejo as maiores felicidades do mundo. Quero que saiba também que espero que as nossas vidas se cruzem num futuro próximo. Amar, neste caso, é pecado. O amor magoa demais e conseguiu pôr a minha alma num estado crítico. Quero sair dela, preciso de sair dela. Foi aí que talvez a escolha mais errada se apoderou de mim, sendo eu frágil e ter optado por este caminho. Porém, apesar de todas estas nuances, hoje caminho feliz. Sei que tomei a opção com a cabeça e não com o coração. Ele é mentiroso, e várias vezes me tentou confundir. Mas agora a minha mente voltou e guiou-me até ele: o ser que me faz sentir perfeita no meio de uma multidão repleta dos piores conceitos e valores que uma sociedade pode ter, uma multidão com alma infeliz mas corpo presente. Hoje, sinto-me bem, jamais perdida como outrora estive, hoje sei que quaisquer que sejam as consequências da minha escolha, não estarei sozinha e estarei aqui de cabeça e corpo erguido para enfrentá-las. Espero que percebas agora, que tudo o que fiz, foi por mera fragilidade, mero receio de que não gostasses de mim assim. Hoje, à minha segunda escolha digo-lhe que não a escolhi porque a primeira havia tomado um lugar importante numa das cavidades do meu coração e havia já possuído e hipnotizado tudo aquilo que eu era. Facto esse que explica a minha mudança para com ela. Para a pessoa que tomar o caminho que eu rejeitei no passado, espero que seja tudo aquilo que eu nunca fui, espero que a trate bem, espero que não a magoe, pois a minha segunda escolha merece alguém capaz de mostrar-lhe que pode ser a primeira! Espero que saiba todas as suas qualidades e todos os seus defeitos, como eu sabia. E que hoje, ainda sei. Espero que consiga mostrar-lhe o mundo que eu uma altura tinha prometido dar a conhecer, mas falhei. Fui fraca. Desisti. Espero que conheça bem o seu coração simples, saiba ler os seus olhos profundos e redondos que com um simples movimento davam-me um grande conforto. Espero que faça dela a pessoa mais feliz do mundo. 

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